Metástase Hepática: Um Guia Abrangente
A metástase hepática, também conhecida como câncer de fígado secundário, é uma condição na qual o câncer se espalha de seu local inicial (primário) para o fígado. É uma complicação comum de vários tipos de câncer, incluindo câncer de cólon, mama, pulmão e pâncreas.
Incidência e Epidemiologia
- De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), as metástases hepáticas representam cerca de 80% dos casos de câncer de fígado no Brasil.
- Estima-se que, em 2023, serão diagnosticados cerca de 18.490 novos casos de câncer de fígado no país, sendo que a maioria deles será metástases.
- A incidência de metástases hepáticas está aumentando devido à maior sobrevivência dos pacientes com câncer primário, bem como ao diagnóstico precoce e ao avanço das técnicas de imagem.
Causas e Fatores de Risco
A metástase hepática ocorre quando células cancerígenas do tumor primário se desprendem e entram na corrente sanguínea ou sistema linfático. Essas células podem então viajar para o fígado, onde podem se estabelecer e formar novos tumores.
Alguns fatores podem aumentar o risco de metástase hepática, incluindo:
- Tipo de câncer primário (por exemplo, câncer de cólon, mama, pulmão)
- Estágio do câncer primário (quanto mais avançado o câncer, maior o risco de metástase)
- Localização do câncer primário (cânceres próximos ao fígado têm maior probabilidade de se espalhar)
- Presença de vasos sanguíneos ou linfáticos ao redor do tumor primário
- Idade (pacientes mais velhos têm maior risco de metástase)
- Sexo (homens têm maior risco de metástase hepática do que mulheres)
Sintomas
Inicialmente, a metástase hepática pode não causar sintomas. Conforme os tumores crescem, podem surgir os seguintes sintomas:
- Dor ou desconforto no lado direito do abdômen (hipocôndrio direito)
- Inchaço abdominal
- Perda de peso
- Fadiga
- Náuseas e vômitos
- Icterícia (amarelamento da pele e olhos)
- Urina escura
- Fezes claras
Diagnóstico
O diagnóstico de metástase hepática geralmente envolve os seguintes exames:
- Exames de sangue (para verificar os níveis de enzimas hepáticas e bilirrubina)
- Ultrassonografia abdominal
- Tomografia computadorizada (TC)
- Ressonância magnética (RM)
- Biópsia hepática (remoção de uma pequena amostra de tecido do fígado para análise)
Estadiamento
O estadiamento da metástase hepática ajuda a determinar a extensão do câncer e a orientar as opções de tratamento. O sistema de estadiamento mais comumente usado é o sistema BCLC (Barcelona Clinic Liver Cancer), que classifica as metástases hepáticas em cinco estágios:
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Estágio 0: Ausência de metástases hepáticas identificáveis por imagem.
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Estágio A: Metástases hepáticas únicas ou múltiplas menores que 3 cm de diâmetro, sem invasão vascular macroscópica.
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Estágio B: Metástases hepáticas únicas ou múltiplas maiores que 3 cm de diâmetro ou com invasão vascular macroscópica.
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Estágio C: Metástases hepáticas extensas com invasão da veia porta ou veia hepática ou metástases extra-hepáticas.
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Estágio D: Metástases hepáticas inoperáveis ou progressão da doença após o tratamento.
Tratamento
As opções de tratamento para metástase hepática dependem do estadiamento do câncer, da saúde geral do paciente e da localização dos tumores. Os tratamentos comuns incluem:
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Cirurgia: A ressecção hepática é a principal opção de tratamento para metástases hepáticas localizadas que podem ser removidas cirurgicamente.
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Ablação: Técnicas ablativas, como radiofrequência ou micro-ondas, podem ser usadas para destruir tumores hepáticos sem remover o tecido hepático saudável circundante.
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Terapia local: A quimioembolização é um procedimento que envolve a injeção de medicamentos quimioterápicos diretamente nas artérias que suprem os tumores hepáticos.
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Quimioterapia sistêmica: Medicamentos quimioterápicos podem ser administrados por via intravenosa para matar células cancerígenas em todo o corpo.
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Terapia-alvo: Medicamentos de terapia-alvo são projetados para atacar proteínas ou genes específicos que promovem o crescimento do câncer.
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Imunoterapia: A imunoterapia usa o próprio sistema imunológico do corpo para combater o câncer.
Benefícios e Riscos
Cada opção de tratamento tem seus próprios benefícios e riscos. É importante discutir as opções de tratamento com um médico para determinar o melhor curso de ação para o caso específico do paciente.
Benefícios:
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Potencial para cura: A cirurgia pode ser curativa para metástases hepáticas localizadas.
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Controle da doença: A ablação, a terapia local e a quimioterapia sistêmica podem ajudar a controlar o crescimento do tumor e melhorar os sintomas.
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Prorrogação da sobrevida: A imunoterapia e a terapia-alvo podem prolongar a sobrevida de pacientes com metástases hepáticas avançadas.
Riscos:
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Complicações cirúrgicas: A cirurgia pode causar complicações, como sangramento, infecção e danos a órgãos próximos.
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Danos ao fígado: A ablação e a quimioterapia local podem danificar o tecido hepático saudável.
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Efeitos colaterais da quimioterapia: Os efeitos colaterais da quimioterapia podem incluir náuseas, vômitos, queda de cabelo e supressão da medula óssea.
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Resistência ao tratamento: As células cancerígenas podem desenvolver resistência a medicamentos de quimioterapia ou terapia-alvo.
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Toxicidade imunológica: A imunoterapia pode causar efeitos colaterais graves, como erupções cutâneas, inflamação pulmonar e danos hepáticos.
Prognóstico
O prognóstico para metástase hepática varia dependendo do estadiamento do câncer, da saúde geral do paciente e da resposta ao tratamento.
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Estágio A: A sobrevida de 5 anos é de cerca de 50-60%.
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Estágio B: A sobrevida de 5 anos é de cerca de 30-40%.
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Estágio C: A sobrevida de 5 anos é de cerca de 10-20%.
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Estágio D: A sobrevida de 5 anos é de menos de 5%.
Previna e Detecte
Embora não haja uma maneira garantida de prevenir ou detectar a metástase hepática, algumas medidas podem ajudar a reduzir o risco:
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Controle o câncer primário: Trate adequadamente o câncer primário para reduzir o risco de disseminação.
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Mantenha um estilo de vida saudável: Mantenha um peso saudável, pratique exercícios regularmente e siga uma dieta balanceada.
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Pare de fumar: Fumar aumenta o risco de câncer e metástase.
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Faça exames regulares: Realize exames regulares de acompanhamento após o tratamento do câncer primário para detectar metástases hepáticas precocemente.
Conclusão
A metástase hepática é uma condição séria que requer tratamento imediato. O tratamento depende do estadiamento do câncer e da saúde geral do paciente. Embora o prognóstico possa variar, os avanços no tratamento têm melhorado a sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes com metástase hepática.